"Se for para lutar, que seja uma luta grandiosa para obter uma vitória esmagadora" — Daisaku Ikeda

Quem sou eu

Minha foto
São Paulo, São Paulo, Brazil
Um jovem de quinze anos que será escritor. Gosta de filmes e livros.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Eterna Rainha da Música (continuação)

'Cause since I've come on home,
Well my body's been a mess

Fico completamente acabado — com o coração esfaqueado com lâminas afiadíssimas — quando Amy cantava esses versos e o público achava tudo muito legal, divertido. Não deu para perceber que era um pedido submisso de socorro? Durante seus shows e apresentações, seu olhar era tão vazio, tão triste... Parecia que ela queria sair desse maldito vício, que trocaria a fama por um pouco de paz (ela mesmo disse que não queria ser famosa!)... O único momento de felicidade era assim que acabava cada música em apresentações, e via seus fãs aplaudindo entusiasticamente. Seus olhos brilhavam de felicidade e então abria um grandioso sorriso.

Tirando esse rápidos momentos, Amy mantinha um olhar distante. Vi na TV um dia em que ela estava visivelmente drogada e parou num pub. Obviamente, os paparazzi vieram. Estavam tão felizes em vê-la posando para as câmeras, completamente alucinada... Ela nem parecia humana para eles, apenas algo chamativo e de muito lucro.

Vi na Folha de S. Paulo uma foto de Amy e novamente fiquei desolado. Ela estava às lágrimas em frente ao microfone, sendo vaiada pelo público, num show que fez na Sérvia, em junho. Fiquei imaginando o quão difícil é para uma pessoa que não consegue realizar o que faz de melhor, e mais: ainda ser vaiada por isso. Foi triste vê-la nessa situação.

De início, fiquei triste com a notícia de sua morte, até mesmo meio abalado. No entanto,apenas no dia seguinte é que realmente caiu a ficha. Deitei em minha cama e li a notícia em dois jornais. Aos poucos, fui murchando, murchando, e aconteceu: eu olhava uma foto em que ela olhava para a câmera sem sorrir. Sem sorrir com os lábios, e sim com os olhos, verdes e lindos. Está com o delineador que virou sua marca, lábios e bochechas rosados. Está bonita como nunca. Sua expressão é de que ainda há uma saída. Depois de muito procurar, achei essa imagem:



Então não aguentei. Foi olhando essa foto que comecei a chorar. Essa foto tão bonita, cheia de esperanças... Chorei copiosamente, e chorei mais ainda porque as pessoas só são de fato reconhecidas em sua essência após a morte, quando é idolatrada pelos que em vida a ignoravam. Há dois dias, não estava nem um pouco preocupado com ela. Isso me deu ódio, pois a ignorância do ser humano não permite enxergar a essência da vida. Somente quando ela se vai que realmente refletimos e a valorizamos. Não foi diferente com Amy.

Agora suas músicas serão tocadas, haverá dowloads dos seus discos, estará entre as notícias mais lidas, porque agora ela vai ser valorizada. Mas de que adianta, se ela já não está mais aqui? De que importa darmos valor a uma pessoa que já não existe e que em vida a ignoramos?

O que me dói mais é saber que eu fui uma dessas pessoas. Sabia apenas que ela era barraqueira e polêmica, e ria com um quadro do Pânico na TV em que a satirizavam, mostrando um personagem que quebrava tudo nas ruas, agredia as pessoas. Ria gostosamente, mas mal sabia eu que havia uma pessoa com sentimentos a quem eles ironizavam. Se Amy tivesse visto, poderia até ter achado engraçado, porém ela queria ser apenas compreendida por ser tão diferente.

As lágrimas que rolaram pelo meu rosto por uma pessoa que eu nunca tinha dado atenção são de vergonha e dor. Jamais imaginei que choraria por Amy Winehouse, pois jamais pensei que teria pelo menos uma noção de sua vida e seus sentimentos.

Morreu aos vinte e sete anos, tão completamente jovem, com uma carreira tão grande que poderia estar por vir. A própria Amy disse que não queria fama e sim compreensão. E se ela conseguisse largar de vez as drogas? Poderia até ser que largasse a carreira, mas e daí? Acima do famoso está o ser humano, contudo duvido que ela faria isso, porque era verdadeiramente feliz quando se apresentava, e poderia então a carreira até ajudá-la a sair das drogas.




Com essa mesma idade morreram outros artistas mundialmente famosos, como Kurt Coubain, Jim Morrison, Janis Joplin e Jimi Hendrix. Todos — principalmente os dois últimos — imortalizados, mas foram realmente conhecidos após a morte. Está aí a prova do que falei: o sentimento do ser humano é tão frio e tão cruel que somente a morte faz as pessoas perceberem o que de fato está acontecendo.

Eterna Rainha da Música

Finalmente a segunda parte de "Harry Potter e as Relíquias da Morte" saiu, e absolutamente é o melhor longa da série. Em breve farei uma crítica sobre o filme, mas agora o assunto é outro, um assunto pelo qual jamais me imaginei interessado: Amy Winehouse.


Escrevi em meu inseparável caderno tudo o que senti na hora que fiquei sabendo o que houve. Dividi-o em duas partes, e agora transcreverei a primeira. O fiz no dia vinte e quatro de julho. Vamos lá.


Ontem, por volta das vinte e uma horas pelo horário de Brasília, a cantora fora de época Amy Winehouse foi encontrada morta em seu apartamento em Londres. Ela tinha apenas vinte e sete anos, e dois álbuns lançados.

O primeiro, "Frank", lançado apenas na Inglaterra, foi um sucesso, porém a cantora disse que "tinha apenas 80% de Amy Winehouse ali". Entretanto, seu segundo álbum, lançado em 2006, três anos mais tarde, rendeu-lhe nada mais nada menos do que incríveis cinco Grammy, considerado o Oscar da música.


Com essas informações já se dá para perceber que ela não é qualquer coisa, mas o mais inacreditável é que ela não canta o gênero mais ouvido atualmente: o pop. Ao contrário; seu estilo é um soul-jazz bem desconhecido por nós, adolescentes, lembrando artistas como Ella Fitzgerald.

Felizmente — e muito felizmente — muitas pessoas tornaram-se fãs de Amy por sua música, deixando, pelo menos um pouco, de lado artistas descartáveis de cinco minutos. Contudo, Winehouse não ficou famosa apenas por ressuscitar com muita classe esse estilo musical; o que chamava a atenção eram as letras de suas músicas, por todas, sem exceção, falarem sobre sua vida pessoal, marcada com muito álcool e drogas.

Músicas como "Rehab", seu maior sucesso, tratam de sua dependência química. Seu verso principal é "Tentaram me mandar para a reabilitação mas eu disse 'não, não não'". Ela não tinha vergonha em escrever sobre isso, o que a tornava ainda mais polêmica.

Muitos de seus shows — principalmente os mais recentes — Amy cantava embriagada e até drogada, o que resultou, por exemplo, em vaias numa de suas apresentações, em Sérvia, junho deste ano, por não conseguir cantar sequer uma música completa em noventa minutos.

Por que ela bebia? Por que ela consumia drogas? A resposta está em suas próprias músicas. Pegando novamente o hit "Rehab", fica absolutamente claro o que se passa: "I don't ever wanna drink again / I just, ooh, I just need a friend" ("eu não quero beber nunca mais / eu só preciso de de um amigo")

!!!

Em breve a segunda parte. Honestamente, não gostaria de tê-la escrito, pois o quanto sofri com ela não se tem noção.